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Uma Segunda - Feira Cansada

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Você sabe que o dia vai ser 10/10 quando:

Acorda cedo no primeiro dia do horário de verão pra ir a aula e a professora falta. Mas até ai tudo bem, a mulher ficou doente, não dava pra prever. A única coisa que sabemos, é que ela teve um pico de pressão, pressão alta, não sei se é de fato uma ataque cardíaco ou coisa do tipo, mas ok. Aliás, melhoras pra ela.

Pego o elevador e desço no primeiro andar enquanto meus amigos vão para a portaria, a caminho de casa. Eu fico na faculdade, o cursinho as 14:00 me impede de ir pra casa, almoçar e voltar a tempo. Decido aproveitar o resto do horário no laboratório de informática... atualizo meu Facebook, faço um desenho, leio algumas fanfics, distrações básicas até meu celular vibrar com uma mensagem do meu namorado:

Já estou no refeitório,vc vem lanchar ?

Junto  minhas coisas, faço o logof no computador e subo pra lanchonete. Na mesa estão meu namorado, e mais dois colegas de sala, uma garota gente fina, engraçada... as vezes a gente até bate uns papos legais, e um outro amigo do meu namorado cujo histórico de suportância em relação a mim não é lá dos melhores.

Compro meu lanche, sento á mesa, hora de bater um papo.




Estou cansada, não me adapto bem ao horário de verão e todos percebem isso, de quebra, comento sobre a professora que faltou e sobre o fato de eu ainda estar com muita vontade de voltar pra cama, deixar esse dia pra lá, por que afinal, sinto desde a noite de domingo que essa segunda vai ser um saco. E entre os comentários sobre faltas, horário de verão e arrependimento de ter saído da cama, o cara abre a boca.

- Mas você já dorme demais.

Primeiro strike. O cara mal sabe meu nome, não temos nenhuma intimidade, aquela brincadeira não cabia no momento. Ok.

Ignoro o cara, mais um vez como em todas as outras popucas vezes em que tivemos que interagir um com outro. Papo vai papo vem... o cara resolve quebrar seu silêncio mais uma vez. E então, é como se eu nem estivesse lá, como se minha presença não passasse de uma coisa invisível, inotavél... eu não faço diferença ali, é um assunto de homens, e eu não sou digna te ser minha presença notada, menos ainda respeitada. Ele começa como se quisesse dar uma bronca em mim:

- Se prepara pra quando você casar, por que lá em casa...



Meu sentido aranha apita. ´´ La vem comentário machista e babaca, se controla pra não fazer besteira, girl! ``.  Paro, respiro fundo... mas o cara tem o péssimo habito de não calar a boca, ela fala e fala e não para. Resolvo prestar atenção no que ele diz, por que afinal de contas, é um aviso, um aviso pro meu namorado se preparar, por que pelo visto, depois de nos casarmos a vida dele vai ficar um droga e a culpa vai ser minha, única e exclusivamente minha. Por que casamento é isso, uma mulher prendendo um cara, tirando sua liberdade, o obrigando a ser adulto e responsável, casar não é uma coisa boa nem feliz, casar representa o fim de toda uma vida de um homem que um dia já foi feliz e sabe-se lá por que diabos ele escolheu cometer o suicídio social de se casar e ficar com uma e apenas uma mulher pelo resto de sua vida.

- Estamos reformando um cômodo da nossa casa, pra nossa filha que vai ter um bebê - Ele vai falando, até  a revolta chegar ao tom de sua voz - Estavam construindo uma cômoda, que elas escolheram e eu nem fiquei sabendo, por que naquela casa eu só concordo com as coisas e pago. Só isso.

Vitimismo. Nada melhor para combater a falta de presença do cara nas decisões que a família toma. O resumo da ópera ? As quatro mulheres da família escolhem e planejam as mudanças no cômodo, e ele, pobrezinho, só concorda e paga, concorda e paga. Mas foi no finalzinho do papo que minha ´´ deusa interior ´´ chuta o balde, e finalmente me faço ser notada:



- Por que quando você casar, vai ser assim - Ele vai falando, preparando meu namorado para seu terrível futuro ao lado de uma mulher que ele ESCOLHEU passar o resto da vida junto - Você só vai concordar e pagar, você vai pagar tudo. Ela vai pegar seu cartão, e você só vai concordar e pagar. Por que casamento é assim.

- Ou talvez eu compre as coisas que quero com meu dinheiro, afinal, não venho pra essa faculdade toda manhã a toa não é? Eu vou trabalhar, e comprar minhas coisas com o meu dinheiro. - Respondo e nem me surpreendo com os cinco segundos de silêncio, afinal a ideia dessa conversa era eu ficar calada, no máximo, rir de tudo como se fosse uma piada. 

Numa tentativa de melhorar a situação a colega diz:

- Ah, mas é casamento, você não vai mexer no dinheiro dele quando quiser alguma coisa? 

Mas a minha faca está afiada.

- Não mexo no dinheiro dele, ele não mexe no meu, arcamos com as dividas da casa juntos. Pronto.



E lá vem o cara de novo, ele não desiste, mas ele não vai gostar nem um pouco de quando eu realmente apelar. O último comentário é direcionado a mim, finalmente algo sobre mim dito diretamente pra mim. 

- Mas você vai sofrer, Iago.- Ele afirma mais uma vez extremamente preocupado em salvar a vida do meu namorado - Ainda mais que essa daí tem cara de quem gosta de mandar.

Fico calada, olho pro meu namorado com a minha melhor cara de ´´ faz esse cara calar a boca``, mas a porta do elevador abre libertando o dito cujo da minha fúria que ainda está aqui, entalada na minha garganta esperando com muita paciência pela próxima oportunidade de se libertar. E quando ela escapar, a coisa não vai ficar muito bonita... pode ser uma briga perdida, mas não vou deixar de lutar... afinal, só falta avisar pra esse cara: Se seu casamento é assim, não tente impor a mesma tristeza a outros casais. Nem todos os caras são você, nem todas as mulheres são como as da sua família, e sinceramente... todo meu emponderamento a elas, por conviverem com um cara que prefere reclamar da vida e botar a culpa nas mulheres de sua vida, do que simplesmente sentar pra ajudar a escolher a mobília de um quarto, e as cores de uma parede.




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